A seletividade alimentar é atualmente classificada como Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE). Mais do que apenas ser uma criança “ruim de comer”, ela costuma ter aversão sensorial a certos sabores, texturas ou cores, chegando a desenvolver fobia de determinados alimentos. 

Como resultado, essa criança ou adolescente tem uma dieta muito restrita, afetando principalmente a ingestão de micronutrientes, como vitaminas e minerais.

 

 

Mas o que é SELETIVIDADE ALIMENTAR? 

 

É caracterizada por recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento. É um comportamento típico da fase pré-escolar, mas, quando presente em ambientes familiares desfavoráveis, pode acentuar-se e permanecer até a adolescência, ou mesmo na vida adulta. 

A recusa alimentar é algo típico da primeira infância, caracterizado por comportamentos como: fazer birra, demorar muito para comer, tentar negociar o alimento que será consumido, levantar da mesa durante a refeição e beliscar ao longo do dia. No entanto, há crianças que persistem em agir dessa forma até meados da infância ou continuam pelas demais fases da vida. Esses comportamentos seriam definidos como seletividade alimentar (SA), que é caracterizada por um consumo alimentar altamente limitado e extrema resistência em experimentar novos alimentos. Esse tipo de comportamento também causa uma limitação das atividades sociais relacionadas à alimentação.

 

 

Seletividade X alergia

 

Não confunda seletividade alimentar com alergia. As reações alérgicas a alimentos como frutos do mar, oleaginosas, derivados de leite e outros, não se enquadram como Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo.

Nesse caso, e também quando há rejeição a alimentos com glúten, por exemplo, trata-se de uma reação anormal do sistema imunológico, que, no intestino, confunde esses alimentos como ameaças ao organismo.

 

 

Como saber se meu filho tem esse transtorno?

 

Antes de tudo, é muito importante esgotar todas as possibilidades antes de diagnosticar uma criança que come mal. O Pediatra, o Odontopediatra e outros especialistas como Nutricionistas e Fonoaudiólogos podem solicitar exames para afastar qualquer doença ou problema clínico com esse paciente. Os transtornos alimentares seletivos podem afetar crianças, adolescentes e adultos que apresentam sintomas psicológicos como ansiedade e depressão, bem como convívio social prejudicado. Mas é preciso ficar atento, caso: 

  • A criança come apenas alimentos que para ela são seguros ou aceitáveis, ou seja, sem qualquer rotatividade alimentar;
  • Alega que não gosta de determinados alimentos, antes mesmo de experimentá-los;
  • A escolha é sempre pelas mesmas coisas, determinadas marcas ou mesmo temperatura em que serão ingeridas (fria ou quente);
  • Sente aversão a grupos alimentares inteiros, como frutas, vegetais ou leguminosas;
  • Fica angustiada quando é encorajada a experimentar alimentos diferentes, seja por causa de uma fobia ou medo de engasgar ou vomitar;
  • Apresenta náusea e vômito ao se deparar com a necessidade de comer novos alimentos;

Fecha a boca para evitar de qualquer maneira a ingestão de um alimento diferente.

 

 

É possível evitar a seletividade alimentar?

 

Os estudos indicam que, na maioria das vezes, o transtorno alimentar seletivo tem início na infância. Mas como se forma o paladar da criança? O que pode acontecer nesse processo? 

  •  A amamentação é um facilitador para a aceitação de novos alimentos, já que as variações na dieta da mãe se refletem nas características sensoriais do leite materno. Assim, quanto mais variada a dieta da mãe, o paladar da criança tende a ser mais variado.

 

 

  • A maneira de oferecer alimentos também deve ser variada, como alternar entre dar comida na boca ou deixar comer sozinho, assim como oferecer os alimentos em diferentes locais da casa e deixar a criança explorá-los por conta própria.

 

  • A família deve estar muito atenta ao ambiente onde a criança se alimenta. Se um ambiente é agradável e novos alimentos são oferecidos sem coação, a criança fica muito mais disposta a gostar e preferir alimentos variados.

 

Portanto, para lidar com esse problema, é necessário organizar uma rotina alimentar com horários definidos, inclusive com tempo máximo de refeição; tentar não obrigar a criança a comer tudo o que está no prato e evitar a monotonia alimentar.

O tratamento multidisciplinar com pediatra, Odontopediatra, nutricionista, psicólogo e outros especialistas também são essenciais para promover a saúde e evitar desequilíbrios nutricionais que podem comprometer o desenvolvimento da criança no futuro.